Capítulo 5

   Chegaram ao andar de Marcela. Ela abriu a porta. Já tinha planejado tudo. Tinha vontade de mandá-lo entrar e derrubá-lo na cama , mas aquilo não seria possível, pelo menos por enquanto.
   -Você me espera aqui enquanto eu vou escrever o bilhete?
   A pergunta o pegou de surpresa. Esperava que ela o convidasse para entrar e depois, bem depois iria acontecer o que sempre acontecia. Ela iria se insinuar para ele e se ele estivesse interessado nela, eles iriam para a cama. Coisas da vida. Mas Marcela o surpreendeu, parecia que ela não seria tão fácil assim. Olhou para ela e respondeu:
   -Sem problemas.
   Marcela sorriu enquanto entrava no quarto. Tencionava colocar uma outra roupa mas desistiu ao perceber que aquilo iria dar a maior bandeira. Pegou seu bloquinho amarelo e escrever: “MENINAS, FUI DAR UMA VOLTA PELO HOTEL. NÃO CONSEGUIA DORMIR, NÃO SE PREOCUPEM COMIGO E NEM ME PROCUREM. BEIJOS LADY MCLEAN”. Deixou a marca de beijo como assinatura. Encontrou AJ sentado no chão do corredor.
   -Ei você! –ela disse, dando um tapinha de leve no ombro dele. –Vamos?
   Ele levantou-se, sem deixar de olhar nos olhos dela por um segundo. Voltaram para o elevador. AJ apertou o último andar. Marcela estranhou, queria perguntar o porquê daquele andar, mas se conteve. Quando chegaram ao 20o andar, ele saiu e puxou a mão de Marcela para fora do elevador. Ela não se conteve mais:
   -AJ, aonde estamos indo?
   Ele deu um sorriso iluminado para ela.
   -Você confia em mim?
   Ela assentiu com a cabeça. Mesmo que estivesse indo para a morte, confiaria nele.
   -Então venha comigo e não tenha medo. Eu não vou te fazer mal algum.
   “Até que não seria má idéia...”, pensou ela. Os dois cruzaram o corredor do andar até o fim, onde AJ abriu uma porta que dava para a escada de incêndio.
   -Nós vamos Ter de subir de escada até lá. –ele disse.
   -Lá aonde, AJ? Esse é o último andar... –Ela sabia que ele era louco, mas não até que ponto.
   -Aí que a diversão fica boa...
   Subiram pela escada de incêndio até o topo do hotel. Aj abriu a porta que dava para o telhado.
   -Aqui é o meu paraíso...o que você acha?
   Marcela achou-se uma idiota por não Ter acreditado nele. Achou-se diante do lugar mais fascinante que seus olhos já haviam contemplado. Aquilo não era apenas um telhado. Era uma espécie de estufa, com várias espécies de plantas e flores, havia até bancos. Um lugar adorável. Ela sorriu:
   -É lindo...
   -Que bom que você gostou. É a primeira vez que eu trago alguém aqui. Esse lugar é um refúgio, um esconderijo. Quando eu não me sinto bem ou quero pensar na vida, eu venho pra cá. Ninguém sabia da existência desse lugar, pelo menos até agora.
   Marcela caminhou por entre as plantas, foi até à beira do telhado. Sempre gostara do perigo.
   Debruçou-se e olhou para baixo. Nunca havia experimentado aquela sensação. Um arrepio correu pelo seu corpo quando AJ colocou as mãos em seu ombro.
   -Cuidado, isso pode ser perigoso.
   Ela virou-se e contemplou-o ali, parado, bem perto dela. Ela soltou uma gargalhada sonora:
   -Provoca-me risos, AJ. Você, preocupado com o perigo? Logo você? O Sr. Desafio?
   Aj olhou para ela, sério:
   -Eu gosto de me arriscar sozinho, não de arriscar a vida das pessoas que estão comigo.
   -Desculpa.
   Ele voltou a sorrir:
   -Pára de ficar me pedindo desculpas à toda hora, Marcela. Nunca se arrependa das coisas que você faz ou diz.
   Ela sorriu de volta e sentou em um dos bancos. Ele sentou ao lado dela:
   -Nossa Panda, esse lugar é muito lindo...
   Aj olhou para ela, totalmente surpreso:
   -Panda?
   Ela sorriu, meio sem-graça:
   -Ai, desculpa, é que eu estou tão acostumada a te chamar assim na frente das minhas amigas, que nem percebi...aí, falei desculpa de novo...
   -Pode me chamar assim porque eu gostei, só que você vai Ter de me explicar o porquê.
   -É uma longa história...um dia, eu comprei uma revista que tinha uma foto sua com uma mochila amarela que tinha um chaveiro de panda. Eu sempre fui louca por pandas e achei que seria uma forma carinhosa de chamar o meu BSB favorito...
   -Eu sou o seu favorito?
   Ela sorriu:
   -É sim...
   -Então vem comigo, minha fã, eu adorei a sua história e agora quero te mostrar uma coisa.
   Eles levantaram e caminharam até o outro lado do telhado. Pararam perto de uns arbustos lindos. Ele sentou e convidou-a para sentar ao lado dela. Ela assentiu e ele começou a falar:
   -Eu adoro esse lugar, especialmente esse cantinho...já percebeu como os reflexos da lua ficam mais intensos aqui?
   Ela olhou para o céu: limpo e estrelado. A lua, que era cheia, estava mais bonita ainda.
   -Você tem razão- ela assentiu. –Como você achou esse lugar?
   -Bem, você disse que era fã então deve saber como eu gosto de descobrir coisas novas, lugares exóticos... –ele deitou no chão, em cima das trepadeiras que cobriam o solo ( dá pra imaginar....lay down beside me....). –Na primeira vez que viemos aqui pro Hilton, eu estava andando pelo hotel, lá no estacionamento e fiquei sentado em cima de uma das vans olhando pro céu. Já deu pra perceber que eu o adoro, né? –ele foi interrompido pela risada dela. –Fiquei observando a fachada do hotel. Então reparei que tinha alguma coisa aqui em cima, dava pra ver porque tinha algumas dessas trepadeiras descendo pelas paredes. Eu tentei vir aqui de elevador mas ele só chegava até o 20o andar. Eu teria que subir de escada. Quando cheguei aqui em cima, nada era desse jeito. Isso aqui parecia mais uma floresta. Ninguém nunca havia subido aqui, desde a morte do fundador, o Robert. E sabe por que?
   Os olhos de Marcela pareciam responder por ela. eles brilhavam de tanto orgulho e admiração. Aj era cada vez mais o homem perfeito para ela. Ele não esperou pela resposta dela. Podia ler nos olhos castanhos de Marcela que ela queria que ele continuasse. Ele continuou contando a história:
   -O Robert, quando se casou, construiu esse hotel para a Melissa, mulher dele. Era como o Taj Mahal, claro sem o tom fúnebre de ser um túmulo. Era o refúgio dele, o lugar que ele mais gostava. Mas Melissa era bióloga e queria descobrir mais coisas sobre sua paixão: as orquídeas. Ao mesmo tempo, não queria abandonar o homem que amava. Robert, então construiu isso tudo aqui pra ela. Melissa, que àquela época já estava grávida, ficara cada vez mais obcecada com uma nova espécie de orquídea, passava noites na estufa, não descia para cuidar da casa que eles tinham em um dos anexos do hotel, esqueceu-se até mesmo que estava grávida. Robert ficou desesperado, já que o grande sonho dele de ser pai estava ameaçada por causa de uma flor. No dia do parto do bebê, Melissa disse que havia descoberto uma maneira de fazer a tal orquídea germinar. Ela foi para o hospital à contragosto e o bebê, infelizmente nasceu morto. Robert quase enlouqueceu ao saber que ela não podia Ter mais filhos. Proibiu-a de voltar pra cá, que na sua opinião, era o lugar que levara seu filho à morte. Ela rebelou-se e voltou pra cá. Anos se passaram e Melissa não conseguia criar a nova flor. Ela acabou descobrindo que tinha uma doença incurável e que teria poucos meses de vida. Robert transformou isso aqui então na casa dele. Esqueceu-se por um momento da morte do filho e trouxe tudo que pôde para dar conforto à sua amada nos últimos dias de vida dela. A morte se aproximava cada vez mais de Melissa. Em seu leito de morte, ela implorou à Robert para prosseguir o trabalho dela. Ele, que estava culpando aquele jardim por todas as desgraças que estavam ocorrendo em sua vida, protestou, mas acabou cedendo aos apelos dela. Após a morte de Melissa, ele continuou o trabalho dela e conseguiu fazer a orquídea germinar. Logo após isso, ele deixou tudo aqui. Trancou esse lugar e proibiu a entrada de qualquer pessoa. Mais tarde, o filho dele com a Geraldine assumiu isso tudo e, fascinado pela história que o pai sempre contava à ele, resolveu visitar o lugar e dar uma melhorada. Isso foi à 2 anos. Eu convenci o John a abrir isso aqui, ele quase não fica aqui, ele é um jogador compulsivo, vive em Atlantic City e Vegas. Ninguém tem permissão para entrar aqui. Aliás, poucas pessoas sabem que isso aqui existe.
   Marcela estava fascinada com toda aquela história, queria saber mais, um amor como aquele era surreal. Imaginara um dia Ter um como aquele. Um homem, que foi capaz de construir um hotel em homenagem à amada, aprendeu coisas só para realizar o último pedido dela, aquilo que era amor. Marcela sorriu suavemente e deitou ao lado dele ( aproveita, garota!!!! Lol).
   -Que história linda, AJ. É triste, mas sem dúvida é linda.
   -Muito triste, Marcela. Esse lugar é muito triste, e é por isso que eu gosto de vir pra cá.
   -Não entendo...
   -Ele me faz pensar, refletir sobre o amor...e a falta dele.
   -Falta de amor? Você? –ela nunca pensara na possibilidade de ver o AJ triste por falta de amor (fala sério....o homem é um DEUS!!!!!!! LOL). Onde é que alguém poderia deixar uma criatura como ele sozinha? (Ela só pode ser loira...e siliconada...LOL). –Não deveria me meter na sua vida, me perdoe...
   -Não há problema algum. –ele sorriu. –É até bom. Eu não sei dizer, mas parece que eu posso confiar em você... (VALEU, PANDÃO!!!!!)
   -Você pode. Se quiser falar algo, abra seu coração.
   AJ e Marcela conversaram a noite toda. Falaram sobre suas decepções, conquistas, sobre amor, filhos (dá pra imaginar o AJ falando de FILHO???? Pois é, nem eu sei de onde eu tirei isso.....), casamento (Marcela, cê tá começando a transformar o maluco do AJ em habitante do Kentucky...LOL), namoro, amigos...sobre tudo (será que nesse TUDO incluiu SEXO??? LOL). Parecia que eles se conheciam há anos. Em dado momento, Marcela sentiu frio (que desculpa velha...). AJ então puxou-a para perto dele e disse:
   -Se ficarmos juntinhos, nos esquentamos... (com você eu fico de qualquer jeito).
   Ele a abraçou e ela aconchegou-se no casaco de pelinhos azul (eu sei que vocês detestam esse casaco, mas ele é muito FOFO, tá? Pára de ficar criticando o Pandão...) que ele usava. Os dois ficaram contemplando a lua. Marcela, que lembrou-se da velha simpatia da lua cheia, perguntou a AJ:
   -Panda, que dia é hoje?
   -31, por que?
   -Só pra saber. Essa lua está linda, não está?
   -É uma das mais lindas que Orlando já teve...
   Marcela, em seus pensamentos fez seu pedido: “Quero que essa noite se repita muitas e muitas vezes, que o AJ seja meu e que me ame.”, Depois, virou-se para ele e falou:
   -Sabia que hoje é a última lua cheia do mês?
   -Sabia sim, por que?
   -Sabe o que conta a lenda?
   -Não, o que? –ele parecia curioso. Virou-se e olhou-a diretamente (with “THAT” look LOL). Ela estremeceu.
   -Me contaram que há séculos atrás, um casal foi separado porque suas famílias eram rivais. Eles fugiam todas as noites de lua cheia para se encontrar escondido. Um dia, eles foram descobertos. Os pais da garota a confinaram em um convento. Todas as noites ela chamava por ele. Em uma noite linda de lua cheia, ela fez um pedido: queria morrer, mas não sem antes ver seu amado de novo. Como um passe de mágica ele apareceu ao lado dela, mas como um anjo. Ele disse que havia sido morto pelo pai da garota, ela ficou desesperada. Olhou para a lua e fez o pedido com mais força; queria morrer para encontrá-lo. Quando ela deu por si, estava contemplando seu corpo, estendido no chão, cercado por freiras. Aos pais, ela deixou uma carta contando tudo que havia acontecido, inclusive a da lua, que a havia levado para seu amor. A partir daquele dia, todas as últimas luas cheias do mês são chamadas de A LUA DOS AMANTES; diz a lenda que todos os pedidos de amor feitos sob essa lua se realizam.
   Ele olhou-a fascinado:
   -Que história...é linda. E você já fez o seu pedido?
   -Você é uma pessoa muito curiosa, mas eu já fiz sim...você vai fazer o seu?
   -Não. O amor é uma coisa muito perigosa e eu cansei de brincar com ele.
   Marcela olhou-o penalizada. “O que terá acontecido com aquele homem lindo? Por que não acreditava mais no amor?”, pensou ela. Marcela aproximou-se dele e beijou-o de leve no rosto (safadinha....):
   -Não acredita mais no amor?
   -Não disse isso, apenas que dar a vida por um amor não vale mais a pena.
   -Como não, AJ? Viver intensamente cada minuto da vida, amando uma pessoa é maravilhoso...
   -Já experimentou essa sensação, Marcela?
   Ela pensou em contar-lhe sobre seu amor, se declarar a ele, mas achou que aquele não era o momento. Tinha medo de falar-lhe e depois ser rejeitada. Apenas murmurou:
   -Estive bem próximo disso. –ela mentiu.
   -Pois é, isso que você falou é muito bonito mas só funciona quando se é correspondido.
   -AJ, vai me dizer agora que suas namoradas nunca corresponderam ao amor que você dava a elas?
   Ela percebeu que havia dito algo que o havia magoado, ele tinha se afastado dela. Ela mais uma vez se desculpou. Não queria de maneira alguma magoá-lo.
   -Minhas namoradas sempre receberam o melhor de mim. Tudo que eu podia dar, eu dava. Sempre. No início, elas eram receptivas, faziam de tudo para corresponder ao meu amor. E eu lá, que nem um bobo, desfilando com elas, fazendo minhas fãs sofrer. Você sofreu por  minha causa, Marcela?
   A pergunta pegou-a de surpresa. Se ele a fizera sofrer? Era certo que sim. Ainda podia lembrar-se do dia em que comprara o 3o CD da banda e deparara-se com uma enorme declaração de amor dele para uma das namoradas. Ela tentou mentir, mas as palavras pareciam querer pular de sua boca:
   -Muito, AJ.
   -Desculpa, Marcela.
   -Não se preocupe, eu ainda estou viva e ainda gosto de você.
   -Vamos mudar de assunto? O dia hoje está muito bonito para ser estragado com histórias tristes.
   -Sobre o que você quer conversar?
   -Sei lá, me conta como é sua vida no Brasil, como você conheceu a gente...
   Enquanto Marcela contava ao AJ sua vida no Brasil, as meninas estavam desesperadas à procura dela:
   -A Marcela é louca mesmo...aonde já se viu sair pelo hotel sem dizer para onde ia, sem pelo menos explicar direito, só deixou esse bilhete aqui. –disse Mariana, mostrando o pedaço de papel com a letra de Marcela para as outras.
   -A Marcela sabe o que está fazendo, afinal já é maior de idade. – disse Carlota.
   -É, daqui a pouco ela está aí, não precisamos nos preocupar. –completou Rita.
   -É, gente, vamos dormir que amanhã temos que chegar perto dos garotos. –disse Flávia.
   As garotas foram dormir. Rita acordou no meio da noite e foi até a sala do quarto para ver Marcela, que deveria estar dormindo no sofá cama, já que era o dia dela. Mas ela não estava lá. Rita voltou para o quarto e olhou o relógio. Já passavam das quatro da manhã. “Jesus Cristo, onde será que essa mulher se meteu?”, pensou ela.
   Marcela acordou com os raios do sol da manhã batendo em cheio em seu rosto. Já ia gritando para Rita fechar as janelas, quando sentiu que o lugar onde sua cabeça estava apoiada estava se mexendo. Ela custou a abrir os olhos e quando o fez, deparou-se com uma camisa verde escura, que em nada parecia com os claros e lindos lençóis do quarto dela. Ela olhou para cima e o viu, deitado ali, como um garotinho inocente, indefeso. Aj estava ali com ela, eles haviam dormido juntos, abraçados, como um casal de amantes. Ela levantou-se e ficou cinco minutos contemplando o rosto dele, cada detalhe, cada movimento que ele fazia, cada suspiro que ele dava. Marcela sentia-se cada vez mais apaixonada por ele, queria sair e dizer para todos que havia dormido com ele, que havia ouvido as confissões dele, tinha-o ouvido falar sobre sua vida, seus amores, como se ela fosse uma amiga de longa data. De repente, o sorriso que ameaçava aparecer no rosto dela, sumiu. “Não posso me tornar uma amiga dele.”, ela pensou. Por um momento, parou de olhar para ele e olhou para seu relógio. Ainda era cedo, sete horas da manhã. Debruçou-se sobre o peito dele e sussurrou:
   -Meu amor, AJ, acorda...
   Ela ficou passando os dedos pelos cachinhos do cabelo dele. Ele finalmente falou:
   -Não, Becky, me deixa dormir mais...
   Marcela olhou-o estarrecida. Só faltava essa, ele chamou-a pelo nome da última namorada (é um palhação, né???? LOL), a Becky. Podia imaginar a cena: Becky, loira (tinha que ser loira, devia ser siliconada também....), deitada em cima dele o acordando (que cena patética.....)...Becky, Rebecca Williams, uma das atrizes mais promissoras de Hollywood nos últimos anos. E ela era dele. Ou melhor, havia sido. Podia lembrar-se bem o dia que havia lido que eles haviam terminado. Estava indo para uma reunião no escritório quando decidiu ler algumas notícia na Internet. Então estava lá, na 1a página do Miami Herald: “ESTRELA DE HOLLYWOOD TERMINA NOIVADO COM POP STAR”. Chegara 2 horas atrasada na tal reunião pois não conseguia sair de casa, estava totalmente paralisada. Achava que daquela vez a guerra estava perdida. Aj já tinha idade suficiente para querer casar e Becky parecia Ter todos os requisitos necessários para ser esposa dele. Aquilo havia sido há 4 meses, mas parecia que  ele ainda não a havia esquecido. Ela havia ficado tão estressada que descontou no pobre AJ (bate nesse palhaço mesmo....GO MARCELA!!!!  LOL), que se encontrava indefeso no chão e não sabia o que havia dito. Ela ficou dando tapinhas no ombro dele, até ele acordar.
   -Meu Deus, que sol todo é esse?
   -Nós dormimos no telhado. –disse ela, ainda desapontada.
   Ele percebeu e levantou-se. Deslizou os dedos pelo rosto dela:
   -Vem cá, você sempre fica estressada quando acorda ao lado de um homem ou o problema é só comigo?
   Ela riu pela 1a vez:
   -Não há problema algum.
   -Tem que haver. –ele insistiu. –Eu disse algo de errado?
   “Conto ou não conto?”, pensou ela. Marcela não conseguia mentir para ele.
   -Me chamou de Becky.
   Ele sentiu-se muito culpado. Não queria magoá-la de jeito algum, ela havia sido um anjo para ele naquela noite, havia ouvido todos seus problemas, suas mágoas, haviam rido e quase chorado juntos, mesmo sendo uma fã, ela não se comportou como uma fã qualquer, parecia que ela realmente se importava com ele. Não fazia o gênero vou-falar-com-ele-como-se-fosse-uma-pessoa-normal-só-para-ver-se-consigo-alguma-coisa. Ela havia sido sincera. E ele se sentiu um idiota por chamá-la pelo nome da outra. Havia sido involuntário, nunca ele iria chamar uma garota pelo nome de outra, mas Becky não saía da cabeça dele. Tudo estava tão recente, era só falar no nome dela que as memórias vinham à tona.
   -Me desculpa, não queria magoá-la.
   -Não me magoou. Eu entendo. Está recente, né?
   -Muito.
   -Você ainda a ama?
   -O quê?
   -Você não precisa responder se não quiser...
   -Não há problema...a Becky...ela...ainda é muito importante para mim, não sei se ainda a amo mas não sei se vou conseguir viver sem ela...
   Marcela tentou, mas não conseguiu evitar uma lágrima que teimou em cair.
   -Ai como eu sou idiota...não deveria falar isso pra você...
   -Deixa pra lá...é lindo isso que você falou...pena que ela não está aqui para ouvir isso... – ela mentiu.
   -Que horas tem? –ele mudou de assunto.
   -Sete e quinze, por que?
   -Meu Deus! Eu estou atrasado para a conferência com os caras. –ele disse, levantando-se do chão. –Vem comigo, anda.
   Marcela levantou-se e ajeitou a saia. Ela ainda pôde perceber AJ tirar o casaco de pelinhos e ficar só de camisetinha regata (LOUCURA,LOUCURA!!!!!). Marcela tentou disfarçar, mas achou-se paralisada pela aquela visão dos céus.
   -Vem, Marcela. –ele apontou para a porta de saída. –Ainda tenho que te deixar no seu quarto.
   -Não será necessário,AJ.
   -Claro que é. Afinal, você ficou todo esse tempo me aturando, ouvindo as minhas bobagens... (como se ela fosse reclamar de ficar ao lado de um homem MARAVILHOSO, GOSTOSO, POTENTE, HOT-TO-DEATH!!!!! DESCE DO PALCO, ALEXANDER!!! ).
   -Fica quieto... –ela colocou os dedos sobre os lábios dele. –Eu estou aqui porque quero e além do mais nada do que você falou foi bobagem.
   Ele abriu um sorriso enorme pra ela, que quase desmaiou:
   -Você é um anjo, sabia?
   Ela ficou vermelha e desconversou:
   -E não se esqueça que o seu andar é antes do meu.
   -Como você sabe o meu andar? –ele parecia surpreso e realmente estava. Cada vez mais Marcela o surpreendia...
   -Eu sei muito mais do que você imagina... –ela disse em tom malicioso.
   -IIIHHHH, esse clima de mistério tá me lembrando de um bilhete que eu li ontem. Um troço muito estranho....

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