Chegaram
ao andar de Marcela. Ela abriu a porta. Já tinha planejado tudo.
Tinha vontade de mandá-lo entrar e derrubá-lo na cama , mas
aquilo não seria possível, pelo menos por enquanto.
-Você me espera aqui enquanto
eu vou escrever o bilhete?
A pergunta o pegou de surpresa.
Esperava que ela o convidasse para entrar e depois, bem depois iria acontecer
o que sempre acontecia. Ela iria se insinuar para ele e se ele estivesse
interessado nela, eles iriam para a cama. Coisas da vida. Mas Marcela o
surpreendeu, parecia que ela não seria tão fácil assim.
Olhou para ela e respondeu:
-Sem problemas.
Marcela sorriu enquanto entrava
no quarto. Tencionava colocar uma outra roupa mas desistiu ao perceber
que aquilo iria dar a maior bandeira. Pegou seu bloquinho amarelo e escrever:
“MENINAS, FUI DAR UMA VOLTA PELO HOTEL. NÃO CONSEGUIA DORMIR, NÃO
SE PREOCUPEM COMIGO E NEM ME PROCUREM. BEIJOS LADY MCLEAN”. Deixou a marca
de beijo como assinatura. Encontrou AJ sentado no chão do corredor.
-Ei você! –ela disse, dando
um tapinha de leve no ombro dele. –Vamos?
Ele levantou-se, sem deixar de
olhar nos olhos dela por um segundo. Voltaram para o elevador. AJ apertou
o último andar. Marcela estranhou, queria perguntar o porquê
daquele andar, mas se conteve. Quando chegaram ao 20o andar, ele saiu e
puxou a mão de Marcela para fora do elevador. Ela não se
conteve mais:
-AJ, aonde estamos indo?
Ele deu um sorriso iluminado
para ela.
-Você confia em mim?
Ela assentiu com a cabeça.
Mesmo que estivesse indo para a morte, confiaria nele.
-Então venha comigo e
não tenha medo. Eu não vou te fazer mal algum.
“Até que não seria
má idéia...”, pensou ela. Os dois cruzaram o corredor do
andar até o fim, onde AJ abriu uma porta que dava para a escada
de incêndio.
-Nós vamos Ter de subir
de escada até lá. –ele disse.
-Lá aonde, AJ? Esse é
o último andar... –Ela sabia que ele era louco, mas não até
que ponto.
-Aí que a diversão
fica boa...
Subiram pela escada de incêndio
até o topo do hotel. Aj abriu a porta que dava para o telhado.
-Aqui é o meu paraíso...o
que você acha?
Marcela achou-se uma idiota por
não Ter acreditado nele. Achou-se diante do lugar mais fascinante
que seus olhos já haviam contemplado. Aquilo não era apenas
um telhado. Era uma espécie de estufa, com várias espécies
de plantas e flores, havia até bancos. Um lugar adorável.
Ela sorriu:
-É lindo...
-Que bom que você gostou.
É a primeira vez que eu trago alguém aqui. Esse lugar é
um refúgio, um esconderijo. Quando eu não me sinto bem ou
quero pensar na vida, eu venho pra cá. Ninguém sabia da existência
desse lugar, pelo menos até agora.
Marcela caminhou por entre as
plantas, foi até à beira do telhado. Sempre gostara do perigo.
Debruçou-se e olhou para
baixo. Nunca havia experimentado aquela sensação. Um arrepio
correu pelo seu corpo quando AJ colocou as mãos em seu ombro.
-Cuidado, isso pode ser perigoso.
Ela virou-se e contemplou-o ali,
parado, bem perto dela. Ela soltou uma gargalhada sonora:
-Provoca-me risos, AJ. Você,
preocupado com o perigo? Logo você? O Sr. Desafio?
Aj olhou para ela, sério:
-Eu gosto de me arriscar sozinho,
não de arriscar a vida das pessoas que estão comigo.
-Desculpa.
Ele voltou a sorrir:
-Pára de ficar me pedindo
desculpas à toda hora, Marcela. Nunca se arrependa das coisas que
você faz ou diz.
Ela sorriu de volta e sentou
em um dos bancos. Ele sentou ao lado dela:
-Nossa Panda, esse lugar é
muito lindo...
Aj olhou para ela, totalmente
surpreso:
-Panda?
Ela sorriu, meio sem-graça:
-Ai, desculpa, é que eu
estou tão acostumada a te chamar assim na frente das minhas amigas,
que nem percebi...aí, falei desculpa de novo...
-Pode me chamar assim porque
eu gostei, só que você vai Ter de me explicar o porquê.
-É uma longa história...um
dia, eu comprei uma revista que tinha uma foto sua com uma mochila amarela
que tinha um chaveiro de panda. Eu sempre fui louca por pandas e achei
que seria uma forma carinhosa de chamar o meu BSB favorito...
-Eu sou o seu favorito?
Ela sorriu:
-É sim...
-Então vem comigo, minha
fã, eu adorei a sua história e agora quero te mostrar uma
coisa.
Eles levantaram e caminharam
até o outro lado do telhado. Pararam perto de uns arbustos lindos.
Ele sentou e convidou-a para sentar ao lado dela. Ela assentiu e ele começou
a falar:
-Eu adoro esse lugar, especialmente
esse cantinho...já percebeu como os reflexos da lua ficam mais intensos
aqui?
Ela olhou para o céu:
limpo e estrelado. A lua, que era cheia, estava mais bonita ainda.
-Você tem razão-
ela assentiu. –Como você achou esse lugar?
-Bem, você disse que era
fã então deve saber como eu gosto de descobrir coisas novas,
lugares exóticos... –ele deitou no chão, em cima das trepadeiras
que cobriam o solo ( dá pra imaginar....lay down beside me....).
–Na primeira vez que viemos aqui pro Hilton, eu estava andando pelo hotel,
lá no estacionamento e fiquei sentado em cima de uma das vans olhando
pro céu. Já deu pra perceber que eu o adoro, né? –ele
foi interrompido pela risada dela. –Fiquei observando a fachada do hotel.
Então reparei que tinha alguma coisa aqui em cima, dava pra ver
porque tinha algumas dessas trepadeiras descendo pelas paredes. Eu tentei
vir aqui de elevador mas ele só chegava até o 20o andar.
Eu teria que subir de escada. Quando cheguei aqui em cima, nada era desse
jeito. Isso aqui parecia mais uma floresta. Ninguém nunca havia
subido aqui, desde a morte do fundador, o Robert. E sabe por que?
Os olhos de Marcela pareciam
responder por ela. eles brilhavam de tanto orgulho e admiração.
Aj era cada vez mais o homem perfeito para ela. Ele não esperou
pela resposta dela. Podia ler nos olhos castanhos de Marcela que ela queria
que ele continuasse. Ele continuou contando a história:
-O Robert, quando se casou, construiu
esse hotel para a Melissa, mulher dele. Era como o Taj Mahal, claro sem
o tom fúnebre de ser um túmulo. Era o refúgio dele,
o lugar que ele mais gostava. Mas Melissa era bióloga e queria descobrir
mais coisas sobre sua paixão: as orquídeas. Ao mesmo tempo,
não queria abandonar o homem que amava. Robert, então construiu
isso tudo aqui pra ela. Melissa, que àquela época já
estava grávida, ficara cada vez mais obcecada com uma nova espécie
de orquídea, passava noites na estufa, não descia para cuidar
da casa que eles tinham em um dos anexos do hotel, esqueceu-se até
mesmo que estava grávida. Robert ficou desesperado, já que
o grande sonho dele de ser pai estava ameaçada por causa de uma
flor. No dia do parto do bebê, Melissa disse que havia descoberto
uma maneira de fazer a tal orquídea germinar. Ela foi para o hospital
à contragosto e o bebê, infelizmente nasceu morto. Robert
quase enlouqueceu ao saber que ela não podia Ter mais filhos. Proibiu-a
de voltar pra cá, que na sua opinião, era o lugar que levara
seu filho à morte. Ela rebelou-se e voltou pra cá. Anos se
passaram e Melissa não conseguia criar a nova flor. Ela acabou descobrindo
que tinha uma doença incurável e que teria poucos meses de
vida. Robert transformou isso aqui então na casa dele. Esqueceu-se
por um momento da morte do filho e trouxe tudo que pôde para dar
conforto à sua amada nos últimos dias de vida dela. A morte
se aproximava cada vez mais de Melissa. Em seu leito de morte, ela implorou
à Robert para prosseguir o trabalho dela. Ele, que estava culpando
aquele jardim por todas as desgraças que estavam ocorrendo em sua
vida, protestou, mas acabou cedendo aos apelos dela. Após a morte
de Melissa, ele continuou o trabalho dela e conseguiu fazer a orquídea
germinar. Logo após isso, ele deixou tudo aqui. Trancou esse lugar
e proibiu a entrada de qualquer pessoa. Mais tarde, o filho dele com a
Geraldine assumiu isso tudo e, fascinado pela história que o pai
sempre contava à ele, resolveu visitar o lugar e dar uma melhorada.
Isso foi à 2 anos. Eu convenci o John a abrir isso aqui, ele quase
não fica aqui, ele é um jogador compulsivo, vive em Atlantic
City e Vegas. Ninguém tem permissão para entrar aqui. Aliás,
poucas pessoas sabem que isso aqui existe.
Marcela estava fascinada com
toda aquela história, queria saber mais, um amor como aquele era
surreal. Imaginara um dia Ter um como aquele. Um homem, que foi capaz de
construir um hotel em homenagem à amada, aprendeu coisas só
para realizar o último pedido dela, aquilo que era amor. Marcela
sorriu suavemente e deitou ao lado dele ( aproveita, garota!!!! Lol).
-Que história linda, AJ.
É triste, mas sem dúvida é linda.
-Muito triste, Marcela. Esse
lugar é muito triste, e é por isso que eu gosto de vir pra
cá.
-Não entendo...
-Ele me faz pensar, refletir
sobre o amor...e a falta dele.
-Falta de amor? Você? –ela
nunca pensara na possibilidade de ver o AJ triste por falta de amor (fala
sério....o homem é um DEUS!!!!!!! LOL). Onde é que
alguém poderia deixar uma criatura como ele sozinha? (Ela só
pode ser loira...e siliconada...LOL). –Não deveria me meter na sua
vida, me perdoe...
-Não há problema
algum. –ele sorriu. –É até bom. Eu não sei dizer,
mas parece que eu posso confiar em você... (VALEU, PANDÃO!!!!!)
-Você pode. Se quiser falar
algo, abra seu coração.
AJ e Marcela conversaram a noite
toda. Falaram sobre suas decepções, conquistas, sobre amor,
filhos (dá pra imaginar o AJ falando de FILHO???? Pois é,
nem eu sei de onde eu tirei isso.....), casamento (Marcela, cê tá
começando a transformar o maluco do AJ em habitante do Kentucky...LOL),
namoro, amigos...sobre tudo (será que nesse TUDO incluiu SEXO???
LOL). Parecia que eles se conheciam há anos. Em dado momento, Marcela
sentiu frio (que desculpa velha...). AJ então puxou-a para perto
dele e disse:
-Se ficarmos juntinhos, nos esquentamos...
(com você eu fico de qualquer jeito).
Ele a abraçou e ela aconchegou-se
no casaco de pelinhos azul (eu sei que vocês detestam esse casaco,
mas ele é muito FOFO, tá? Pára de ficar criticando
o Pandão...) que ele usava. Os dois ficaram contemplando a lua.
Marcela, que lembrou-se da velha simpatia da lua cheia, perguntou a AJ:
-Panda, que dia é hoje?
-31, por que?
-Só pra saber. Essa lua
está linda, não está?
-É uma das mais lindas
que Orlando já teve...
Marcela, em seus pensamentos
fez seu pedido: “Quero que essa noite se repita muitas e muitas vezes,
que o AJ seja meu e que me ame.”, Depois, virou-se para ele e falou:
-Sabia que hoje é a última
lua cheia do mês?
-Sabia sim, por que?
-Sabe o que conta a lenda?
-Não, o que? –ele parecia
curioso. Virou-se e olhou-a diretamente (with “THAT” look LOL). Ela estremeceu.
-Me contaram que há séculos
atrás, um casal foi separado porque suas famílias eram rivais.
Eles fugiam todas as noites de lua cheia para se encontrar escondido. Um
dia, eles foram descobertos. Os pais da garota a confinaram em um convento.
Todas as noites ela chamava por ele. Em uma noite linda de lua cheia, ela
fez um pedido: queria morrer, mas não sem antes ver seu amado de
novo. Como um passe de mágica ele apareceu ao lado dela, mas como
um anjo. Ele disse que havia sido morto pelo pai da garota, ela ficou desesperada.
Olhou para a lua e fez o pedido com mais força; queria morrer para
encontrá-lo. Quando ela deu por si, estava contemplando seu corpo,
estendido no chão, cercado por freiras. Aos pais, ela deixou uma
carta contando tudo que havia acontecido, inclusive a da lua, que a havia
levado para seu amor. A partir daquele dia, todas as últimas luas
cheias do mês são chamadas de A LUA DOS AMANTES; diz a lenda
que todos os pedidos de amor feitos sob essa lua se realizam.
Ele olhou-a fascinado:
-Que história...é
linda. E você já fez o seu pedido?
-Você é uma pessoa
muito curiosa, mas eu já fiz sim...você vai fazer o seu?
-Não. O amor é
uma coisa muito perigosa e eu cansei de brincar com ele.
Marcela olhou-o penalizada. “O
que terá acontecido com aquele homem lindo? Por que não acreditava
mais no amor?”, pensou ela. Marcela aproximou-se dele e beijou-o de leve
no rosto (safadinha....):
-Não acredita mais no
amor?
-Não disse isso, apenas
que dar a vida por um amor não vale mais a pena.
-Como não, AJ? Viver intensamente
cada minuto da vida, amando uma pessoa é maravilhoso...
-Já experimentou essa
sensação, Marcela?
Ela pensou em contar-lhe sobre
seu amor, se declarar a ele, mas achou que aquele não era o momento.
Tinha medo de falar-lhe e depois ser rejeitada. Apenas murmurou:
-Estive bem próximo disso.
–ela mentiu.
-Pois é, isso que você
falou é muito bonito mas só funciona quando se é correspondido.
-AJ, vai me dizer agora que suas
namoradas nunca corresponderam ao amor que você dava a elas?
Ela percebeu que havia dito algo
que o havia magoado, ele tinha se afastado dela. Ela mais uma vez se desculpou.
Não queria de maneira alguma magoá-lo.
-Minhas namoradas sempre receberam
o melhor de mim. Tudo que eu podia dar, eu dava. Sempre. No início,
elas eram receptivas, faziam de tudo para corresponder ao meu amor. E eu
lá, que nem um bobo, desfilando com elas, fazendo minhas fãs
sofrer. Você sofreu por minha causa, Marcela?
A pergunta pegou-a de surpresa.
Se ele a fizera sofrer? Era certo que sim. Ainda podia lembrar-se do dia
em que comprara o 3o CD da banda e deparara-se com uma enorme declaração
de amor dele para uma das namoradas. Ela tentou mentir, mas as palavras
pareciam querer pular de sua boca:
-Muito, AJ.
-Desculpa, Marcela.
-Não se preocupe, eu ainda
estou viva e ainda gosto de você.
-Vamos mudar de assunto? O dia
hoje está muito bonito para ser estragado com histórias tristes.
-Sobre o que você quer
conversar?
-Sei lá, me conta como
é sua vida no Brasil, como você conheceu a gente...
Enquanto Marcela contava ao AJ
sua vida no Brasil, as meninas estavam desesperadas à procura dela:
-A Marcela é louca mesmo...aonde
já se viu sair pelo hotel sem dizer para onde ia, sem pelo menos
explicar direito, só deixou esse bilhete aqui. –disse Mariana, mostrando
o pedaço de papel com a letra de Marcela para as outras.
-A Marcela sabe o que está
fazendo, afinal já é maior de idade. – disse Carlota.
-É, daqui a pouco ela
está aí, não precisamos nos preocupar. –completou
Rita.
-É, gente, vamos dormir
que amanhã temos que chegar perto dos garotos. –disse Flávia.
As garotas foram dormir. Rita
acordou no meio da noite e foi até a sala do quarto para ver Marcela,
que deveria estar dormindo no sofá cama, já que era o dia
dela. Mas ela não estava lá. Rita voltou para o quarto e
olhou o relógio. Já passavam das quatro da manhã.
“Jesus Cristo, onde será que essa mulher se meteu?”, pensou ela.
Marcela acordou com os raios
do sol da manhã batendo em cheio em seu rosto. Já ia gritando
para Rita fechar as janelas, quando sentiu que o lugar onde sua cabeça
estava apoiada estava se mexendo. Ela custou a abrir os olhos e quando
o fez, deparou-se com uma camisa verde escura, que em nada parecia com
os claros e lindos lençóis do quarto dela. Ela olhou para
cima e o viu, deitado ali, como um garotinho inocente, indefeso. Aj estava
ali com ela, eles haviam dormido juntos, abraçados, como um casal
de amantes. Ela levantou-se e ficou cinco minutos contemplando o rosto
dele, cada detalhe, cada movimento que ele fazia, cada suspiro que ele
dava. Marcela sentia-se cada vez mais apaixonada por ele, queria sair e
dizer para todos que havia dormido com ele, que havia ouvido as confissões
dele, tinha-o ouvido falar sobre sua vida, seus amores, como se ela fosse
uma amiga de longa data. De repente, o sorriso que ameaçava aparecer
no rosto dela, sumiu. “Não posso me tornar uma amiga dele.”, ela
pensou. Por um momento, parou de olhar para ele e olhou para seu relógio.
Ainda era cedo, sete horas da manhã. Debruçou-se sobre o
peito dele e sussurrou:
-Meu amor, AJ, acorda...
Ela ficou passando os dedos pelos
cachinhos do cabelo dele. Ele finalmente falou:
-Não, Becky, me deixa
dormir mais...
Marcela olhou-o estarrecida.
Só faltava essa, ele chamou-a pelo nome da última namorada
(é um palhação, né???? LOL), a Becky. Podia
imaginar a cena: Becky, loira (tinha que ser loira, devia ser siliconada
também....), deitada em cima dele o acordando (que cena patética.....)...Becky,
Rebecca Williams, uma das atrizes mais promissoras de Hollywood nos últimos
anos. E ela era dele. Ou melhor, havia sido. Podia lembrar-se bem o dia
que havia lido que eles haviam terminado. Estava indo para uma reunião
no escritório quando decidiu ler algumas notícia na Internet.
Então estava lá, na 1a página do Miami Herald: “ESTRELA
DE HOLLYWOOD TERMINA NOIVADO COM POP STAR”. Chegara 2 horas atrasada na
tal reunião pois não conseguia sair de casa, estava totalmente
paralisada. Achava que daquela vez a guerra estava perdida. Aj já
tinha idade suficiente para querer casar e Becky parecia Ter todos os requisitos
necessários para ser esposa dele. Aquilo havia sido há 4
meses, mas parecia que ele ainda não a havia esquecido. Ela
havia ficado tão estressada que descontou no pobre AJ (bate nesse
palhaço mesmo....GO MARCELA!!!! LOL), que se encontrava indefeso
no chão e não sabia o que havia dito. Ela ficou dando tapinhas
no ombro dele, até ele acordar.
-Meu Deus, que sol todo é
esse?
-Nós dormimos no telhado.
–disse ela, ainda desapontada.
Ele percebeu e levantou-se. Deslizou
os dedos pelo rosto dela:
-Vem cá, você sempre
fica estressada quando acorda ao lado de um homem ou o problema é
só comigo?
Ela riu pela 1a vez:
-Não há problema
algum.
-Tem que haver. –ele insistiu.
–Eu disse algo de errado?
“Conto ou não conto?”,
pensou ela. Marcela não conseguia mentir para ele.
-Me chamou de Becky.
Ele sentiu-se muito culpado.
Não queria magoá-la de jeito algum, ela havia sido um anjo
para ele naquela noite, havia ouvido todos seus problemas, suas mágoas,
haviam rido e quase chorado juntos, mesmo sendo uma fã, ela não
se comportou como uma fã qualquer, parecia que ela realmente se
importava com ele. Não fazia o gênero vou-falar-com-ele-como-se-fosse-uma-pessoa-normal-só-para-ver-se-consigo-alguma-coisa.
Ela havia sido sincera. E ele se sentiu um idiota por chamá-la pelo
nome da outra. Havia sido involuntário, nunca ele iria chamar uma
garota pelo nome de outra, mas Becky não saía da cabeça
dele. Tudo estava tão recente, era só falar no nome dela
que as memórias vinham à tona.
-Me desculpa, não queria
magoá-la.
-Não me magoou. Eu entendo.
Está recente, né?
-Muito.
-Você ainda a ama?
-O quê?
-Você não precisa
responder se não quiser...
-Não há problema...a
Becky...ela...ainda é muito importante para mim, não sei
se ainda a amo mas não sei se vou conseguir viver sem ela...
Marcela tentou, mas não
conseguiu evitar uma lágrima que teimou em cair.
-Ai como eu sou idiota...não
deveria falar isso pra você...
-Deixa pra lá...é
lindo isso que você falou...pena que ela não está aqui
para ouvir isso... – ela mentiu.
-Que horas tem? –ele mudou de
assunto.
-Sete e quinze, por que?
-Meu Deus! Eu estou atrasado
para a conferência com os caras. –ele disse, levantando-se do chão.
–Vem comigo, anda.
Marcela levantou-se e ajeitou
a saia. Ela ainda pôde perceber AJ tirar o casaco de pelinhos e ficar
só de camisetinha regata (LOUCURA,LOUCURA!!!!!). Marcela tentou
disfarçar, mas achou-se paralisada pela aquela visão dos
céus.
-Vem, Marcela. –ele apontou para
a porta de saída. –Ainda tenho que te deixar no seu quarto.
-Não será necessário,AJ.
-Claro que é. Afinal,
você ficou todo esse tempo me aturando, ouvindo as minhas bobagens...
(como se ela fosse reclamar de ficar ao lado de um homem MARAVILHOSO, GOSTOSO,
POTENTE, HOT-TO-DEATH!!!!! DESCE DO PALCO, ALEXANDER!!! ).
-Fica quieto... –ela colocou
os dedos sobre os lábios dele. –Eu estou aqui porque quero e além
do mais nada do que você falou foi bobagem.
Ele abriu um sorriso enorme pra
ela, que quase desmaiou:
-Você é um anjo,
sabia?
Ela ficou vermelha e desconversou:
-E não se esqueça
que o seu andar é antes do meu.
-Como você sabe o meu andar?
–ele parecia surpreso e realmente estava. Cada vez mais Marcela o surpreendia...
-Eu sei muito mais do que você
imagina... –ela disse em tom malicioso.
-IIIHHHH, esse clima de mistério
tá me lembrando de um bilhete que eu li ontem. Um troço muito
estranho....